Soraia tem um
negócio de rotisseria em um bairro periférico de São Paulo.
Ela começou seu
negócio quando perdeu o emprego de auxiliar administrativo em um escritório de
advocacia há 4 anos. Com o pouco dinheiro que juntou da demissão ela comprou um
daqueles fornos que assam frango, também chamados carinhosamente de “televisão
de cachorro”.
Preparava as
aves na cozinha de sua casa e o forno ficava na varanda, por sorte sua casa
ficava em uma via movimentada de seu bairro, o que lhe conferia visibilidade.
Utilizando um
tempero que sua mãe lhe ensinara, logo nos primeiros meses seu negócio se
transformou em um sucesso, acompanhados de farofa e batatas que eram assadas na
própria gordura que escorria do frango, dando um sabor maravilhoso.
Por sucesso
melhor entender que ela vendia por volta de 200 frangos aos domingos, aos
sábados também vendia bem, coisa como 60% do movimento do domingo, mas de 2ª a
6ª feira as vendas praticamente não vendia nada.
Para quem não
sabe o que é uma rotisseria, é aquele negócio de comida onde há assados como
frangos, carnes bovinas e suínas, farofa, maioneses, e massas (em geral
frescas, preparadas no próprio negócio, para cozinhar ou já cozidas) e
molhos.
É um negócio que
em geral tem um pico de vendas aos domingos, quando as pessoas não desejam
cozinhar e em termos de custo para o cliente se situam no meio termo entre
preparar alimento em casa (mais barato e dá mais trabalho) e se alimentar fora
em restaurante (mais caro e dá menos trabalho).
Hoje Soraia tem
um negócio mais consolidado e neste Dezembro ela vendeu muito bem, porque ela
aproveitou para explorar as grandes festas. Vendeu muitas ceias completas de
Natal e de Ano Novo. Mais de 600 ceias foram vendidas. Das mais completas às
mais simples, inclusive vendeu também muitos itens isolados que os clientes
pediam, como sua deliciosa maionese ou um assado extra que alguns pediam como
reforço.
Mas chega
Janeiro, muitos de seus clientes estão de férias na praia e o movimento cai
abruptamente. Ela, que é boa gestora, deu férias para seus funcionários e
reduziu bastante seus estoques e só vai começar a repô-los depois do Carnaval.
Como juntou um
bom dinheiro com as ótimas vendas de final de ano, e como sua cozinha está
quase que parada, ao invés de viajar o mês inteiro e gastar tudo o que ganhou,
ela aproveitou e chamou um técnico em forno e fogão e vai realizar uma limpeza
geral e troca de peças que estão desgastadas, fazendo aquilo que se chama de
manutenção preventiva, pois não pode correr o risco de ter de parar a produção
durante o ano.
Também foram
alvo de manutenção uma instalação elétrica que sempre dava problema, fazendo um
disjuntor cair quando ligava o exaustor, e uma pintura nova no forro, que já
tinha marcas de gordura.
Negócio é assim, não se deve gastar tudo que se
ganha, parte dos resultados devem ser reinvestidos e deve-se pensar em manter e
cuidar das instalações nos momentos calmos para não ter surpresas nos momentos
agitados.
Sobre o Autor
Alberto Ajzental é Engenheiro Civil pela POLI-USP. Mestre e Doutor pela EAESP-FGV. Foi e é Professor de Estratégia de Negócios, Marketing e de Economia nas escolas ESPM-SP e EESP-FGV. Autor dos livros A Construção de Plano de Negócios - Ed. Saraiva, História do Pensamento em Marketing - Ed. Saraiva e Complexidade Aplicada à Economia - Ed. FGV.