É hora de pensar
na estratégia para o próximo ano. Para estratégia devemos ter um olhar micro,
ao concentrar o pensamento no produto, na necessidade e condições do cliente e
na melhor relação entre produto e cliente, mas devemos ter uma olhar Macro,
mais amplo.
O olhar Macro
servirá para entender se devemos aumentar a quantidade produzida, se é o
momento certo de investirmos em novas instalações, aumentar o numero de
funcionários, abrir uma nova filial, desenvolver novos produtos, aumentar os
investimentos em promoção e propaganda, aumentar o volume de estoques, pedir
crédito e se endividar para fazer frente a estes avanços, ou fazer exatamente o
contrário de tudo isto que acabei de escrever.
Para isso
recorremos às previsões de cenário macroeconômico. Estes vão nos mostrar em
linhas mais gerais e amplas, através de dados que chamamos agregados, aquilo
que provavelmente vai acontecer.
Este cenário vai
influenciar o comportamento e tomada de decisão dos clientes e uma mudança
nessa variável influenciará aquilo que deverá ser ofertado e de qual forma.
2017 foi um ano
muito difícil, encerrará com aproximadamente 13 milhões de desempregados ou
12,4% da PEA - população economicamente ativa; alto desemprego reduz os
salários, assim, a massa salarial que é a multiplicação das pessoas ocupadas
pela sua renda acabou caindo devido a estes dois fatores que se retroalimentam.
Segundo o
boletim Focus do Banco Central, de 24 de novembro último, o Produto Interno
deverá crescer apenas 0,73%, isto após duas enormes quedas sucessivas de 3,8% e
3,6% em 2015 e 2016 respectivamente. Por outro lado, como fator positivo, o
enfraquecimento da demanda manteve uma baixa inflação (IPCA) que deve fechar o
ano em 3,06%, uma taxa meta de juros SELIC a 7%, o que reflete em juros reais
de 3,82% e taxa de cambio R$ / US$ em 3,20.
O mesmo
relatório prevê para 2018 um crescimento do Produto Interno de 2,58%, uma inflação
(IPCA) de 4,02% com taxa meta de juros SELIC a 7%, o que reflete em juros reais,
historicamente muito baixos, de 2,86% e taxa de cambio R$ / US$ em 3,30.
Qualitativamente,
que deve estar refletido nas previsões econômicas, vale lembrar que 2018
reserva aos brasileiros uma Copa do Mundo iniciando em Junho, com duração de um
mês, que reflete aumento de vendas de certos produtos como cerveja, porém em
detrimento da diminuição de tantos outros. Fora a corrida eleitoral
presidencial que tomará impulso após a Copa e que carrega um forte sentimento
de indefinições futuras.
O que isto
significa para o seu negócio?
Significa que
dificilmente a taxa de desemprego diminuirá rapidamente, assim como não deverá
ter um aumento significativo no aumento dos salários e da massa salarial. A
demanda continuará deprimida.
Com o fim do
processo de piora, aqueles que não perderam emprego terão maior motivação para
o consumo, mas sem exagero. Preço baixo continuará mandatório, mesmo que em
troca de diminuição de atributo de marca ou qualidade. Vale lembrar que baixos juros
meta SELIC não significam necessariamente baixos juros para consumo da pessoa
física, que rondam os 400% ao ano no cartão de credito ou cheque especial, assim
compras à vista ainda são mandatórios para o consumidor racional e consciente, aquele
que suporta esperar pelo consumo de um item não urgente.
E você empreendedor? O que fazer diante deste
cenário? Pense bem e avalie bastante suas estratégias.
Sobre o Autor
Alberto Ajzental é Engenheiro Civil pela POLI-USP. Mestre e Doutor pela EAESP-FGV. Foi e é Professor de Estratégia de Negócios, Marketing e de Economia nas escolas ESPM-SP e EESP-FGV. Autor dos livros A Construção de Plano de Negócios - Ed. Saraiva, História do Pensamento em Marketing - Ed. Saraiva e Complexidade Aplicada à Economia - Ed. FGV.